Tereza Bianca Nunes de Castro, de 23 anos, estava há cerca de duas semanas, após complicações resultantes, segundo a família, de procedimentos incorretos na cesariana do nascimento de seu filho.
A jovem que estava internada por conta de complicações do nascimento de seu bebê faleceu neste sábado (27) em Marabá no sudeste paraense. Tereza Bianca Nunes de Castro, de 23 anos, estava internada no Hospital Regional do Sudeste do Pará há cerca de duas semanas, após complicações resultantes, segundo a família, de procedimentos incorretos na cesariana do nascimento de seu filho, em outubro de 2023. O caso ganhou grande repercussão nos últimos dias.
Tereza foi internada em estado grave após sofrer uma perfuração no intestino, supostamente durante o parto de seu segundo filho no Hospital Materno Infantil (HMI), também em Marabá.
De acordo com informações da família da jovem, Tereza deu entrada no Hospital Materno Infantil para dar à luz no dia 24 de outubro de 2023. Após o parto, surgiram complicações, incluindo o choro incessante do bebê e um inchaço abdominal preocupante em Tereza. Sua mãe, Regiane de Castro, relata que as dores e o inchaço se intensificaram, levando à preocupação da família, que confirmaram a perfuração no intestino. O velório aconteceu na manhã deste domingo em Marabá no bairro Laranjeiras.
Tereza passou por 11 cirurgias para tentar resolver o problema, mas não foi possível e na noite deste sábado (27), ela não suportou e acabou falecendo.
Segundo a vice-presidente do Conselho Municipal de Saúde de Marabá, Ana Lúcia Faria, a entidade já tomou medidas para apurar a situação. “Nós enquanto conselho estamos consternados, infelizmente é mais um caso de descaso com a saúde. Ela já vinha lutando pela vida há três meses, ela tinha duas crianças, uma sendo um bebê, então não é só uma mãe que perde uma filha, são duas crianças que ficam sem uma mãe”, declarou.
O Conselho Municipal de Saúde tem autonomia de acompanhar, averiguar a denúncia, verificar o que foi feito. “Mediante isso, elaboramos um relatório com os conselheiros que acompanharam de perto a situação, e como pleno, deliberamos um pedido de afastamento da Secretária de Saúde, pelo afastamento imediato da profissional que realizou o procedimento para que seja apurada a situação e que os culpados sejam penalizados”, salientou Ana Lúcia Faria.
RESPOSTA DO HMI
A Secretaria Municipal de Saúde de Marabá, e a direção do Hospital Materno Infantil de Marabá, emitiram nota a respeito da situação.
Veja abaixo, a nota na íntegra:
Em resposta a notícias veiculadas durante esta semana em redes sociais e imprensa acerca da paciente Tereza Bianca Nunes de Castro que foi atendida no Hospital Materno Infantil – HMI no dia 24 de outubro de 2023, informamos inicialmente que a paciente deu entrada nesta casa de saúde na referida data, por meio do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU, sem acompanhante, em franco trabalho de parto, sem registro de pré-natal ou qualquer acompanhamento médico, apresentando fala desconexa, desnutrição grave, pesando 39 kg.
Sendo assim, logo durante o primeiro atendimento foi identificado que o feto encontrava-se em posição transversa (atravessado no útero), tendo sido realizado parto cesáreo com difícil extração devido à apresentação anormal.
Após o parto, no dia 26/10/2023 a genitora recebeu alta com sinais clínicos estáveis e sem queixas no momento, em observância à recomendação do Ministério da Saúde de alta médica 48 (quarenta e oito) horas após o procedimento.
No dia 30/10/2023 a paciente retornou ao Hospital novamente trazida pelo SAMU com histórico de dor abdominal, vômitos e evacuações, ferida operatória com odor fétido e desnutrição grave.
Após avaliação, a paciente foi diagnosticada com infecção abdominal, momento no qual foi realizada internação para início de antibióticos durante 10 (dez) dias. Ocorre que, a paciente evadiu-se do hospital no dia 02/11/2023 sem autorização médica, interrompendo assim o tratamento indicado de antibioticoterapia no 3º dia.
Ato contínuo, no dia 04/11/2023, 02 (dois) dias após a evasão, a paciente retornou ao HMI mantendo quadro de infecção quando foi novamente internada para realizar tratamento com antibióticos e avaliação com cirurgião geral que solicitou transferência para UTI do Hospital Municipal de Marabá, sendo realizada a transferência no dia 05/11/2023.
Durante a avaliação médica pela equipe do Hospital Municipal, foi identificado que a paciente possuía abcesso cavitário (quando há presença de pus ou material infectado geralmente decorrente de uma infecção localizada dentro da cavidade peritoneal), sendo realizada laparotomia exploradora para drenagem do abcesso.
Por fim, a Secretaria Municipal de Saúde iniciou processo de auditoria interna para elucidação do caso, com o devido informe ao Ministério Público Estadual e Conselho Regional de Medicina do Estado do Pará, para os quais encaminhará parecer conclusivo da auditoria tão logo seja finalizada.
Fonte: DOL
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